segunda-feira, 5 de maio de 2014

sem eira nem beira




O ano começou, já lá vão uns meses, e tive tempo para ver alguns filmes. O último foi o Tiny Furniture da Lena Dunham - para quem não conhece, a tipa das Girls. É basicamente o mesmo. Final da universidade, o já não ser (assim tão) jovem, mas estar longe de tomar decisões adultas - esse limbo de quem termina os estudos e é lançado aos leões. A personagem de Lena volta a casa da mãe, reencontra amigas do secundário, faz um mais-ou-menos amigo e arranja um trabalheco sem ir à procura dele - do qual não precisa assim tanto e pode eventualmente desistir. Ela deseja coisas grandiosas, ser tão bem sucedida quanto a mãe, mas só a vemos fazer uns vídeos para o youtube. É aquela vontade ociosa de exposição que a tecnologia nos impõe e que acaba em vazio. Há demasiadas opções virtuais para poucas oportunidades reais. Claro que os problemas dela são coisas de classe média alta. Deixar um trabalho porque lhe apeteceu passar-se, tem o valor que tem, dentro do contexto dela. Há quem não tenha essa opção. O resto é o resto. Não quero realmente falar sobre este filme. Preferia falar sobre outro, como A Grande Beleza, mas há filmes que não são de quem os escreve, mas de quem os sofre. 


Nestes 4 meses fui a muitos lugares, não estando realmente em nenhum sítio. Voltei a Lisboa, deixei-a levar-me nos seus eléctricos cheios, de gente que não a conhece, Lisboa que é nossa e para eles se aperalta - e volto à linha do meu comboio e vou com as mesmas caras pelas mesmas paragens, de olhos fechados, as estações mudam e, durante viagem, o que há de firme passa e o que sempre se move permanece.

1 comentário:

  1. Vi esse filme, pouco depois de começar a ver Girls que entretanto deixei de ver...A razão de ter tido pouco interesse em ambos é o facto de como dizes serem basicamente sobre os mesmos assuntos: esse limbo, que em parte todos passamos mas que é uma fase da vida, não uma vida inteira. A Lena, a realizadora, erra nesse aspecto. Não se expande e fica pressa sempre às mesmas problemáticas, o que a meu ver entedia o espectador.
    Bom texto, crítico e bem organizado.

    Já agora, se tiveres oportunidade visita o meu espaço que tem uma nova imagem:
    http://cinemaschallenge.blogspot.pt/

    : )

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