Tabu é o monte de uma colónia
portuguesa em África, no principio dos anos 60. Lá se instalaram jovens ricos e
aventureiros que se divertem com corridas de automóveis, caçadas, bailes e
festas. O amanhã é coisa que não lhes tira o sono, até que uma barriga começa a
crescer - e com ela o peso de um amor ilícito – e um assassinato despoleta a
revolta dos locais. Mas antes de Tabu há um prédio em Lisboa onde vivem três
senhoras sozinhas que cuidam umas das outras porque na velhice não há muito que
fazer. Uma delas está senil, mas é a que tem mais memórias. As outras não
tiveram tempo para as construir porque passaram a vida ocupadas a tratar dos
outros – uma porque era Santa e escrava, a outra porque queria ser santa e
activista política. É então a velha senil, Aurora (não a de Puiu, mas a de Murnau) que as
encaminha até uma floresta artificial num qualquer centro comercial onde vão
escutar uma história: a sua e a do monte Tabu. É o homem que Aurora lá conheceu
que a conta, enquanto nós a vemos decorrer com os sons da selva, dos carros,
dos animais, dos tiros, da água, das músicas, mas sem nunca ouvirmos as
palavras que os personagens trocam à nossa frente. Tudo o que temos são as
memórias de Aurora – da aurora, da juventude, do paraíso - contadas pelo seu
grande amor, com quem desenhava animais nas nuvens, passeava na savana e fazia
amor clandestinamente. Esses foram os dias de paraíso, onde os meses passavam a
voar. Depois veio a fuga, a deles e a dos retornados, dos dias que não sabem
para onde ir e se arrastam sem um propósito. Mas África continuou presente na
arquitectura, na decoração e na Santa que não fala porque cada macaco no seu
galho. No monte Tabu os macacos andavam à solta, os crocodilos fugiam para o
quintal dos vizinhos e eram tratados como filhos por quem não os podia ter.
Antes a vida fazia-se de emoções pungentes e histórias exóticas. Depois
cresce-se, parem-se crocodilos e crias, matam-se inocentes e escrevem-se cartas
de amor que ficam por ler.
O próprio nome Tabu já é uma referência fortíssima a Murnau!
ResponderEliminarEstou muito muito curiosa para ver este filme!
Um 5 pra ti!
espero que o hazanavicius veja este filme e morra de vergonha.
Eliminareste texto está muito bom, um pouco enigmático e por isso dá-me ainda mais vontade de ver este filme :D gostaste do aquele querido mês de agosto? sinceramente, acho que se tornou o meu filme português preferido de todo o sempre
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